domingo, dezembro 31, 2006

Agora que cai o pano preto sob este ano musical de 2006 urgem classificações, opiniões, súmulas listadas de 365 dias de actividade musical.Não foi um ano particularmente entusiasmante, mas foi um ano que cantou um hino à diversidade de estilos, à diversidade de álbuns, géneros, e sobretudo à originalidade. Fenómenos que possam ser apelidados dessa forma, regista-se apenas Whatever People Say I Am That's What I'm Not, a alertar para a força esmagadora que é a internet, e a forma como tem potencialidade para modificar o impacto que a música tem. Fica a lista dos 10 Álbuns que mais impacto tiveram para a blogueira neste ano de 2006.

SHE WANTS REVENGE - Homónimo
THE SOUNDS - Dying to Say This To You
THE RACONTEURS - BRoken Boy Soldiers
CAMERA OBSCURA - Lets Get Out Of This Country
ARCTIC MONKEYS - Whatever People Say I Am That's What I'm Not
I LOVE YOU BUT I'VE CHOSEN DARKNESS - Fear is On Our Side
YEAH YEAH YEAH'S - Show Your Bones
WHITEST BOY ALIVE - Dreams
ELEFANT - Black Magic Show
BAND OF HORSES - Everything All the Time

2006 em formato Single:

I Bet That You loook Good On the Dancefloor, Arctic Monkeys
Gold Lion, Yeah Yeah Yeah's
Free Radicals, Flaming Lips
Lolita, Elefant
You Have Killed Me, Morrissey
First Date, Danko Jones
The Funeral, Band of Horses
Ronnie, Yo La Tengo
Steady As She Goes, Raconteurs
Backstabber, Dresden Dolls
Futures, Zero 7
As Far As the Eye Can See, Radio 4
Skip to the End, Futureheads
Move by Yourself, Donovon Frankenreiter
Skip Divided, Thom Yorke
Reena, Sonic Youth
Paralyzed, Rock Kills Kid
Lloyd, I'm Ready to Be Heartbroken, Camera Obscura
Song With a Mission, Sounds
Signs of Life, Every Move a Picture
Smile, Lily Allen
Collarbone, Fujiya & Miyagi
Sewn, The Feeling
We Are the Pipettes, Pipettes
Suzie, Boy Kill Boy
Little Bear, Guillemots
The Knife, Grizzly Bear
I Was a Lover, TV on the Radio
Long Distance Call, Phoenix
I Don't Feel Like Dancing, Scissor Sisters
Off the Hook, Cansei de Ser Sexy
When you Were Young, Killers
Nausea, Beck
Cravo e Canela (cover), Tortoise and Bonnie "Prince" Billy
Fireworks, Whitest Boy Alive
Jique, Brazilian Girls
The Spell, The Black Heart Procession
Going Against Your Mind, Built to Spill
Don't Take My Sunshine Away, Sparklehorse

terça-feira, dezembro 19, 2006

Iluminuras




Neon Bible é o nome do novo álbum dos Arcade Fire, com lançamento previsto para 2007 (primeiros meses). A banda colocou à disposição dos fans um estranho domínio na internet onde o visitante poderá encontrar um enigmático número de telefone. Aparentemente, esse número conduzirá ao primeiro single disponibilizado, através de uma chamada grátis.Parece que é o vale tudo para evitar pirataria e fugas de informação...

terça-feira, novembro 28, 2006

OLD KIDS IN THE BLOC(K)



O mui aguardado segundo disco dos Bloc Party tem data marcada de lançamento para 6 de Fevereiro de 2007, o secundogénito chama-se A Weekend in the City e conta já com um single de apresentação The Prayer, lançado na rede pela Atlantic Records, a editora discogáfica do colectivo inglês.
A avaliar pela escrita ambiciosa do primeiro single, espera-se que o novo disco seja a prova definitiva de que os Bloc Party enterram bem fundo as suas raizes ao solo musical dos próximos anos. "Dazzle us with your wit!" Ninguém espera menos que isso : "Outshine them all".

sexta-feira, novembro 24, 2006


Mãe, eu quero ficar sozinho.
Mãe, não quero pensar mais.
Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem sequer ter que
me ir embora.
Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim.
Outro maldito que não sou senão este tempo que decorre
entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo,
de quê mãe?
Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver
razão para tanto sofrimento.
E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos
partir, para regressar?
Partir e aí nessa viagem ressuscitar da morte ás
arrecuas que me deste.
Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os
olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra,
mar, mãe...
Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar
nota a nota o canto das sereias... Lembrar cada
lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir
aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para
ficar...

José Mário Branco
Partir para Ficar, Linda Martini - Olhos de Mongol (2006)

terça-feira, novembro 14, 2006

Sinais Vitais

Canções que pulsam


Signs of Life foi o EP que, em 2005, trouxe à vida os Every Move a Picture. Na berlinda, a banda new wave/ electro-pop tinha três singles de meter a cabeça a andar à roda, entre os quais Signs of Life, especialmente apelativo; os outros dois eram On The Edge of Something Beautiful (At 12 AM) e You’re So Predictable. O primeiro álbum da banda não se fez esperar e surgiu este ano sob a equação Heart = Weapon, suprimindo já You’re So Predictable, que apesar de se escorar sobre algumas notas de sintetizador um pouco irritantes, era a par de Signs of Life uma das faixas que melhor “falava” pelo grupo. O colectivo apostou então, em novas faixas, desconhecidas até mesmo para quem acompanhou a sua carreira desde o seu estado embrionário. E se o EP “bebé” prometia voos altos, Heart = Weapon partiu-lhes as asas e demonstrou matematicamente que, apesar da banda ter canções de muita força e potencialidade radiofónica certa, a única música que ombreia de jure com Signs of Life e que não estava no EP de estreia é Outlaw. A sensação que fica é que se o disco tivesse sido mais amadurecido, possivelmente não seria a soma de cinco músicas boas ou muito boas com cinco músicas medíocres. Talvez aí a equação Heart = Weapon estivesse mais equilibrada.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Ar de Core




envy : Gritar até que a voz doa

Com uma longa discografia por entre EP’s, Split CD’s (com bandas como This Machine Kills ou Iscariote), o colectivo japonês conta já com catorze anos de existência e álbuns a perder de vista. Entre eles destacam-se, por serem “álbuns formais”, All the Footprints You’ve Ever Left Behind and The Fear Expecting Ahead, A Dead Sinking Story e, agora em 2006, Insomniac Doze. Este último disco está para os Envy como um castelo está para um rei: é prova de que o declínio não é uma “ameaça real”, pelo contrário, I.D. é álbum de carreira e um marco na caminhada da banda.

Se a música da banda pudesse ser caracterizada com um par de palavras, essas palavras seriam “intenso” e “exacerbado”. A cada esquina um novo êxtase, a cada nota um novo pico, em cada fase uma nova apoteose. Não que estes momentos não possam ser previstos, mas sempre que advém, surpreendem. E quando, vindos dos cantos angulosos, nos surgem estridentes são imprevistos, ainda que previsíveis. A ferocidade encontra a canção de embalar e os urros de Fukagawa vêm-lhe das entranhas. Deprimente e brilhante, a sua voz áspera multiplica-se numa onda de choque, manifesto da tempestade emocional. De devastação em devastação, a fúria, o sublime e o trágico justapõem-se a um tipo de som que é produto do Art Rock, Post-Hardcore, Screamo e Spoken Word de uma expressividade tal que induz uma espécie de experiência metafísica, com o seu “q” de transcendental. Digno de inveja…

Crystallize
Night in Winter

quinta-feira, novembro 02, 2006

Linda Martini no Santiago Alquimista (27/10)

A apresentação do primeiro álbum dos Linda Martini, Olhos de Mongol, que chega às lojas no dia 10 de Novembro pela mão da editora Naked teve lugar no Santiago Alquimista, na passada sexta-feira. Nessa noite, as paredes do Santiago Alquimista foram estreitas para conter todos os que se apresentaram a fim de seguir a crónica apaixonada da evolução desta banda, um dos grandes fenómenos de internet e bouche-à-oreille em Portugal. A presença de tantas pessoas, o coro disciplinado que estas compunham, o êxtase conjunto, o transe das cabeças e corpos ondulantes só vieram confirmar que a banda de rock experimental/progressivo dispõe já de um acervo considerável de simpatizantes. O EP homónimo aguçou e espicaçou curiosidades relativamente a quão longe poderia ir esta "juventude sónica" e o single Amor Combate conseguiu quantidade sinificativa de airplay até mesmo em rádios mainstream...
Olhos de Mongol vem na sequência de Linda Martini (o EP); sem trazer novidades de fundo, é, simplesmente, o contínuo. Do alinhamento de Olhos de Mongol desapareceu a bem-amada Lição de voo nº1. Contrariamente, a força motriz da projecção da banda, Amor Combate, mantem-se de pedra e cal. O novo single tem pujança, e o desatino vocal e pungente "são carris que me prendem aqui" fazem de Cronófago uma carta convite e um "embaixador" competente do disco .O dito single está já disponível no myspace.
Fica o alinhamento:
1. sinto a cabeça cair
2. cronófago
3. dá-me a tua melhor faca
4. partir para ficar
5. estuque
6. o amor é não haver polícia
7. quarto 210
8. amor combate
9. a severa

quarta-feira, novembro 01, 2006

Rocking the Bullring


Foto de Manuel Gonçalves in www.muse.mu

Do concerto de 26 de Outubro no Campo Pequeno só consegui apurar opiniões tépidas, e a sensação de que, passinho a passinho, os Muse vão apostando cada vez mais na imagem, e nos espectáculos visuais a que a música pode trazer sentido. Com Black Holes and Revelations os Muse perdem-se numa galáxia distante encarnando em si a epítome da supernova. A música não tem mais a grandeur, e o halo da criatividade megalomaníaca de Matt Bellamy começa a esbater-se. A ideia de tornar a sua sonoridade mais dançável foi, pura e simplesmente malfadada embora tenha trazido acrescentos a álbuns anteriores(e a que custo...). Para além do mais, a intromissão excessiva da política anula esse efeito. A banda que melhor conseguiu a síntese da Clássica com o Rock vira-se agora para outros mares ainda por explorar, e a costa do Glam-Rock parece o porto mais certo, indiciado por Supermassive Black Hole e pelas reminescências tão óbvias de Queen (especialmente em Soldier's Poem) e os seus coros caleidoscópicos. Também a "intrusão" do Flamenco , o que de resto não é inédito (Bedroom Acoustics), aponta nessa direcção. Mesmo nos momentos em que mais se parecem consigo mesmos, mais não fazem do que soar a imitação de si mesmos. Imitação de plástico a consumir rápido e deitar fora ainda mais rapidamente. As excepções concentram-se essencialmente nas últimas canções, alegações finais em defesa própria, em jeito de salvador "tex-mex" que chega tarde demais; mas chega.


Será que o divórcio do registo épico de Origin of Symmetry e do dramatismo da ópera cantada, genialidade ousada de quem quer gravar o seu nome para a posteridade é definitivo? Origin of Symmetry foi a viga mestra da megalomania descomplexada da banda. As suas tiradas "transilvânicas" de órgão de capela eram de pôr os cabelos em pé. Em O.S. o trio de Teignmouth revelou a compreensão da música como algo matemático e lógico, demonstrado nos desdobramentos das sequências de piano, influências provenientes, sobretudo, do período romântico e muito especialmente de Sergei Rachmaninoff (chegando mesmo a incluir um extracto do Concerto Nº2,Op. 18 em Dó Menor - Moderato, Allegro em Space Dementia).

Com Absolution os Muse protagonizaram a sua transição mais branda e suave e, seguramente uma das melhor recebidas e até aclamadas. Apesar de Origin of Symmetry ser notoriamente mais "electrificado", em ambos os discos é possivel reconhecer o mesmo fio condutor, quer a nível lírico quer composicional. É com este terceiro álbum que os Muse deixam de ser uma banda algo obscura e subvalorizada, sem que no entanto seja este o trabalho que maior prova faz do seu génio. A Absolution cabe, no entanto, o mérito e o título de disco mais apocalíptico, maníaco, depressivo e persecutório de sempre.

2003

Sing for Absolution Butterflies and Hurricanes Ruled by Secrecy


Finalmente, para fechar o círculo, Showbiz a génese, quando Matthew Bellamy, Dominic Howard e Chris Wolstenholme eram apenas putos de 21 anos a lutar por um lugar ao Sol. O seu primeiro álbum é,de longe, um dos melhores, senão o melhor. Muitas vezes (injustamente) acusado de se colar criativamente demasiado a The Bends dos Radiohead, Showbiz é um álbum mal-amado e incompreendido. Mas, sobretudo é o manifesto do colectivo. Logo nos primeiras notas de Sunburn qualquer desavisado se apercebe de que ali está a aurora de um género, e no "soviético/russo" de Muscle Museum vê a combinação inusitada de piano-forte com uma sólida linha de baixo e o desatino permanente da voz de opereta de Matt Bellamy.

1999

A narrativa termina (?) ao sétimo ano, com toda a carga simbólica que isso possa acarretar. Ao sétimo ano justapõe-se um álbum que consusbstanciou a mudança...
*
Live e B-sides

2003
Shrinking Universe In Your
World
Map of Your Head



Para terminar em beleza, a mais groovy The Groove .

domingo, outubro 15, 2006

"O género de
Precisão Letal capaz de alinhar palavras como..." *
"This is how it works:
You're young until you're not,
you love until you don't,
you try until you can't,
you laugh until you cry,
you cry until you laugh,
and everyone must breathe until their dying breath".


On the Radio, Regina Spektor
*João Lisboa, in Revista Actual (14 de Outubro)

segunda-feira, outubro 09, 2006

Faça Você Mesmo

Passado um ano sobre Guero e Guerolito, a sequela, The Information é o novo trabalho do multifacetado Beck. Este seu último álbum é o resultado de três anos de trabalho, com parceria do "muito amado" Nigel Godrich, que foi também produtor de alguns dos mais introspectivos discos do músico - Mutations e Sea Changes.Prosseguindo com o seu rasto de originalidade, desta vez Beck propõe aos seus fans, além do cd proriamente dito, um DVD com vídeos caseiros em estúdio e...um conjunto de autocolantes (!). O desafio é decorar com os ditos a capa branca de The Information, para ouvir aqui. Descansem, não está em branco. Não é estática.É Beck, de volta.

1. Elevator Music 2. Think I'm In Love 3. Cellphone's Dead 4. Strange Apparition 5. Soldier Jane 6. Nausea 7. New Round 8. Dark Star 9. We Dance Alone 10. No Complaints 11. 1000 BPM 12. Motorcade 13. The Information 14. Movie Theme 15. The Horrible Fanfare/Landslide Exoskeleton

Imagens disponíveis em www.amazon.com.