
Com lançamento marcado para 7 de Março, Fox Confessor Brings the Flood, um título enigmático para um disco complicado de se decifrar e que não se quer, de forma alguma literal ou fácil. Neko Case não nivela por baixo, as suas expectativas em relação ao que faz são elevadas; o que entusiasma quem ouve, por se sentir desafiado a enquadrar a sua música, e a descodificá-la, dada a sua natureza algo enigmática.
A sua carreira é preexistente à dos The New Pornagraphers, e foi, precisamente em consequência desse seu êxito a solo enquanto cantora e compositora country que este invulgar grupo acabou por vir à luz. E foi também através deles que me vim a a aperceber da raridade de Case.
É curioso verificar a versatilidade da artista e a diversidade das suas produções. Quem conheça os New Pornographers certamente ficará curioso para ver o que Neko Case faz quando não está acompanhada pelos seus “bandmates” A.C. Newman (também ele “solista” em The Slow Wonder, 2004) e Dan Bejar. Eu fiquei; de certa forma fiz um percurso em sentido contrário...
É invulgar ver artistas com a capacidade de Case para se movimentar em estilos tão distintos como o Country, o Folk, o Power Pop, o Alternativo e até o Punk (em tempos idos). E o que espanta mais é que o faz com o mesmo à vontade em todos os registos. Nunca o ouvinte fica com a sensação de desadequação, ou de estranheza.
Antes,Case parece incarnar quase sem esforço os diversos papéis a que se propõem com graciosidade inaudita.
A sua habilidade e sensibilidade líricas fazem dela uma das compositoras mais interessantemente poéticas de que me posso lembrar. A sua criatividade tem recursos que acompanham em beleza e singularidade a sua voz que compõe por si só mosaicos de beleza de uma riqueza sonora rara. O ímpeto e a suavidade combinam-se nela de forma engraçada: tanto pode ter a rudeza e despropósito do grito, como a doçura do murmúrio.
Explora temas tão vastos quanto o será, certamente, a sua fértil imaginação. Parece ingressar, por vezes no imaginário colectivo e popular. O seu lirismo é provavelmente uma das suas facetas mais espantosas:
“…Better times collide with now, the tears were warm, I feel them still “e para encerrar em estilo A Widow’s Toast lança no ar a esperança, “better times are coming still”. Em John Saw That Number lança o mote a capella, num tom misterioso, poderoso e cheio de alma, para mais tarde inverter esta quase imposição de respeito pelo que vai expor, aligeirando a canção da sua carga dramática inicial.
Em a Lion’s Jaws a tendência é bluesy evocando a mais uma vez a versatilidade de Neko. Uma bela faixa, como de resto o é o disco por inteiro. Um esforço e um grito por autenticidade e diferença. Aliás a vertente autodidáctica desta que é já considerada uma das pérolas do AltCountry é o seu triunfo e aquilo que chama tanta atenção sobre si mesma. Case mostra-se algo relutante em categorizar a sua própria música dessa forma, se eu estivesse na sua pele também me sentiria dessa forma. Não se deve aprisionar sob égide de coisa alguma o esforço de quebrar barreiras. Com tanta independência e tanta vontade de surpreender, qualquer etiqueta cai mal. Neko Case é um último reduto de total respeito pela música enquanto instrumento do extraordinário.
A sua discografia é extensíssima, bem como a sua participação em projectos “alheios”, mas acreditem em mim, tudo o que Neko toca parece adquirir mais valor.
A sua habilidade e sensibilidade líricas fazem dela uma das compositoras mais interessantemente poéticas de que me posso lembrar. A sua criatividade tem recursos que acompanham em beleza e singularidade a sua voz que compõe por si só mosaicos de beleza de uma riqueza sonora rara. O ímpeto e a suavidade combinam-se nela de forma engraçada: tanto pode ter a rudeza e despropósito do grito, como a doçura do murmúrio.
Explora temas tão vastos quanto o será, certamente, a sua fértil imaginação. Parece ingressar, por vezes no imaginário colectivo e popular. O seu lirismo é provavelmente uma das suas facetas mais espantosas:
“…Better times collide with now, the tears were warm, I feel them still “e para encerrar em estilo A Widow’s Toast lança no ar a esperança, “better times are coming still”. Em John Saw That Number lança o mote a capella, num tom misterioso, poderoso e cheio de alma, para mais tarde inverter esta quase imposição de respeito pelo que vai expor, aligeirando a canção da sua carga dramática inicial.
Em a Lion’s Jaws a tendência é bluesy evocando a mais uma vez a versatilidade de Neko. Uma bela faixa, como de resto o é o disco por inteiro. Um esforço e um grito por autenticidade e diferença. Aliás a vertente autodidáctica desta que é já considerada uma das pérolas do AltCountry é o seu triunfo e aquilo que chama tanta atenção sobre si mesma. Case mostra-se algo relutante em categorizar a sua própria música dessa forma, se eu estivesse na sua pele também me sentiria dessa forma. Não se deve aprisionar sob égide de coisa alguma o esforço de quebrar barreiras. Com tanta independência e tanta vontade de surpreender, qualquer etiqueta cai mal. Neko Case é um último reduto de total respeito pela música enquanto instrumento do extraordinário.
A sua discografia é extensíssima, bem como a sua participação em projectos “alheios”, mas acreditem em mim, tudo o que Neko toca parece adquirir mais valor.
7/10
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