Foto de Manuel Gonçalves in www.muse.mu
Do concerto de 26 de Outubro no Campo Pequeno só consegui apurar opiniões tépidas, e a sensação de que, passinho a passinho, os Muse vão apostando cada vez mais na imagem, e nos espectáculos visuais a que a música pode trazer sentido. Com Black Holes and Revelations os Muse perdem-se numa galáxia distante encarnando em si a epítome da supernova. A música não tem mais a grandeur, e o halo da criatividade megalomaníaca de Matt Bellamy começa a esbater-se. A ideia de tornar a sua sonoridade mais dançável foi, pura e simplesmente malfadada embora tenha trazido acrescentos a álbuns anteriores(e a que custo...). Para além do mais, a intromissão excessiva da política anula esse efeito. A banda que melhor conseguiu a síntese da Clássica com o Rock vira-se agora para outros mares ainda por explorar, e a costa do Glam-Rock parece o porto mais certo, indiciado por Supermassive Black Hole e pelas reminescências tão óbvias de Queen (especialmente em Soldier's Poem) e os seus coros caleidoscópicos. Também a "intrusão" do Flamenco , o que de resto não é inédito (Bedroom Acoustics), aponta nessa direcção. Mesmo nos momentos em que mais se parecem consigo mesmos, mais não fazem do que soar a imitação de si mesmos. Imitação de plástico a consumir rápido e deitar fora ainda mais rapidamente. As excepções concentram-se essencialmente nas últimas canções, alegações finais em defesa própria, em jeito de salvador "tex-mex" que chega tarde demais; mas chega.
2003
Sing for Absolution Butterflies and Hurricanes Ruled by Secrecy
Finalmente, para fechar o círculo, Showbiz a génese, quando Matthew Bellamy, Dominic Howard e Chris Wolstenholme eram apenas putos de 21 anos a lutar por um lugar ao Sol. O seu primeiro álbum é,de longe, um dos melhores, senão o melhor. Muitas vezes (injustamente) acusado de se colar criativamente demasiado a The Bends dos Radiohead, Showbiz é um álbum mal-amado e incompreendido. Mas, sobretudo é o manifesto do colectivo. Logo nos primeiras notas de Sunburn qualquer desavisado se apercebe de que ali está a aurora de um género, e no "soviético/russo" de Muscle Museum vê a combinação inusitada de piano-forte com uma sólida linha de baixo e o desatino permanente da voz de opereta de Matt Bellamy.
1999
Live e B-sides
2003
Shrinking Universe In Your
World Map of Your Head
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