domingo, março 12, 2006
É bestial a besta
Glasgow Mega-Snake, Live(2006)
Mr. Beast
Mr. Beast

Auto Rock * Glasgow Mega-Snake * Acid Food * Travel is Dangerous * Team Handed * Friend of the Night * Emergency Trap * Folk Death 95 * I Chose Horses * We're No Here
Das highlands escocesas chegou-nos, no passado dia 7 de Março, passados três anos sobre o inesquecível Happy Songs for Happy People, o seu sucessor, Mr.Beast.
Mogwai estão de volta para nos brindar com o género de som que só eles são capazes porque, se o spleen do século tem nome, esse nome será, sem dúvida, Mogwai.
Este álbum está longe de soltar qualquer bestialidade ou monstruosidade prometida pelo seu título, antes, a sonoridade do colectivo parece nunca se ter revestido de tanta doçura. Apesar de existirem faixas – da praxe - que quebram este tom mais açucarado que o costume, com guitarras high on decibels como de resto, Braithewaite tinha já prometido. Os meninos tinham saudades de “mandar a casa a baixo” ao vivo com as sua guitarras a fremir. Cansados como estavam, confessamente desta sua própria maneira de tocar e compor, puseram tudo isso de lado e lá fizeram um álbum típico. Daí que Mr.Beast tenha faixas como Glasgow Mega-Snake e We're No Here.
Mr.Beast é, então, uma espécie de regresso às origens, com toques de tradicionalismo (so faltava mesmo a gaita de foles, que parece rondar a música) garantidos pelo piano e pela simplicidade melódica e repetitiva ,apanágio da banda.
Este regresso aos primórdios é garantido por aquilo que granjeou à banda um nome : o high-low do seu som, o permanente espiralar da música, que ora está lá bem acima, ora está cá bem em baixo.
O intercalar da acidez do Rock com melodias dóceis; um pianinho que parece embalar uma criança ou romper o silêncio de uma sala escura é o que não nos permite ignorar um disco novo dos Mogwai. É o aparente desacordo das suas duas vertentes que os torna tão sui generis.
Por outro lado, o que antes eram meros sussurros, imperceptíveis ao ouvido humano (só com um morcego versado em inglês perceberíamos que raios se balbuciava no decorrer da música), são, agora, letras e vozes humanas que se ouvem, de facto, e que cantam. E se não cantam declamam, como em I Chose Horses, com a participação especial de Tetsuya Fukagawa (dos japoneses Envy).
As novidades deste álbum são aliciantes, parecem ter-se quebrado certos tabus, o que só enriqueceu Mr.Beast e o tornou um álbum que é na realidade uma afirmação de vivacidade, como quem diz “não estamos moribundos”.
A melancolia continua lá onde a deixamos em Happy Songs for Happy People, e retorna com a força majestática que alguns temas de Mogwai conseguem por força de serem tão deslocados da cena musical actual, temas como Auto Rock, Friend of the Night, Folk Death 95 e Team Handed.
Mogwai é um mundo à parte, o cruzamento do Art Rock, do Ambient, do AlternRock, do Progressive Rock e do Post-Rock. Cruzamento fértil que talvez seja, na realidade, uma espécie de Neoclassicismo, uma tentativa de fazer música clássica com guitarras ou de atingir os picos da Clássica, agora que tão pouca coisa é épica.
É certo e sabido que Mogwai não é para se ouvir em todas as ocasiões, é preciso o pretexto certo, o mood certo. Daí o tal Neoclassicismo de que falo, mas é so um pensar alto, pode ser um perfeito disparate…
Mogwai estão de volta para nos brindar com o género de som que só eles são capazes porque, se o spleen do século tem nome, esse nome será, sem dúvida, Mogwai.
Este álbum está longe de soltar qualquer bestialidade ou monstruosidade prometida pelo seu título, antes, a sonoridade do colectivo parece nunca se ter revestido de tanta doçura. Apesar de existirem faixas – da praxe - que quebram este tom mais açucarado que o costume, com guitarras high on decibels como de resto, Braithewaite tinha já prometido. Os meninos tinham saudades de “mandar a casa a baixo” ao vivo com as sua guitarras a fremir. Cansados como estavam, confessamente desta sua própria maneira de tocar e compor, puseram tudo isso de lado e lá fizeram um álbum típico. Daí que Mr.Beast tenha faixas como Glasgow Mega-Snake e We're No Here.
Mr.Beast é, então, uma espécie de regresso às origens, com toques de tradicionalismo (so faltava mesmo a gaita de foles, que parece rondar a música) garantidos pelo piano e pela simplicidade melódica e repetitiva ,apanágio da banda.
Este regresso aos primórdios é garantido por aquilo que granjeou à banda um nome : o high-low do seu som, o permanente espiralar da música, que ora está lá bem acima, ora está cá bem em baixo.
O intercalar da acidez do Rock com melodias dóceis; um pianinho que parece embalar uma criança ou romper o silêncio de uma sala escura é o que não nos permite ignorar um disco novo dos Mogwai. É o aparente desacordo das suas duas vertentes que os torna tão sui generis.
Por outro lado, o que antes eram meros sussurros, imperceptíveis ao ouvido humano (só com um morcego versado em inglês perceberíamos que raios se balbuciava no decorrer da música), são, agora, letras e vozes humanas que se ouvem, de facto, e que cantam. E se não cantam declamam, como em I Chose Horses, com a participação especial de Tetsuya Fukagawa (dos japoneses Envy).
As novidades deste álbum são aliciantes, parecem ter-se quebrado certos tabus, o que só enriqueceu Mr.Beast e o tornou um álbum que é na realidade uma afirmação de vivacidade, como quem diz “não estamos moribundos”.
A melancolia continua lá onde a deixamos em Happy Songs for Happy People, e retorna com a força majestática que alguns temas de Mogwai conseguem por força de serem tão deslocados da cena musical actual, temas como Auto Rock, Friend of the Night, Folk Death 95 e Team Handed.
Mogwai é um mundo à parte, o cruzamento do Art Rock, do Ambient, do AlternRock, do Progressive Rock e do Post-Rock. Cruzamento fértil que talvez seja, na realidade, uma espécie de Neoclassicismo, uma tentativa de fazer música clássica com guitarras ou de atingir os picos da Clássica, agora que tão pouca coisa é épica.
É certo e sabido que Mogwai não é para se ouvir em todas as ocasiões, é preciso o pretexto certo, o mood certo. Daí o tal Neoclassicismo de que falo, mas é so um pensar alto, pode ser um perfeito disparate…
A banda é tao inacreditavelmente boa ao vivo que dificilmente o conseguirá passar para um disco gravado em estúdio, dificilmente superará o seu próprio brilhantismo. É preciso ver para crer.
6.8/10
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Não resisti a vir deixar aqui o meu coment sobre o gosto que tenho nesse grupo. Tenho a dizer que o Happy Songs for Happy Peolple é fantástico, tu é que mos apresentas-te e digamos que fiquei completamente embriagada pelo som... parece que voltámos realmente ao classicismo...
Tenho de conhecer esse novo álbum e espero que seja ainda mais bestial :P
Embriagada, hipnotizada, por aí...
Só pra deixar um aviso: devido aos efeitos alucinantes de hipnotismo e embriaguês ke Mogwai é capaz de proporcionar n é aconselhado operar makinaria pesada ou mesmo conduziar ao ouvir Mogwai!!
Mas façam no na mesma :D Lol
Adoro a "Auto Rock", podia ter perfeitamente ter sido co-produzida pelo Brian Eno há 20 anos atrás.
Apenas acho o álbum pouco coerente e mistura demasiadas ideias sem conseguir formar um todo.
Enviar um comentário