Numa época de contrição e mãos na consciência, a Igreja Católica lança mais umas quantas farpas mais ou menos ilógicas, mais ou menos irracionais, para a praça pública.
Ao que pude apurar, segundo os padrões da Igreja sou duplamente pecadora (passiva e activa) – porque, sim, admito (!), leio jornais, navego pela Internet, sou uma fervorosa amante de literatura universal e, quando sinto que a minha sensibilidade (para não dizer inteligência)não é ofendida, também vejo televisão… Acrescenta que arrasto outros comigo, porque, como amigos que são, lêem o que escrevo, que mal ou bem, tem algum teor informativo e em definitivo, está alojado nesse espaço pecaminoso que é a Internet.
Ora tudo isto levanta questões, uma delas sendo, será que a distância que existe já entre a Igreja Católica e as pessoas não é suficiente? Há que tentar afastá-las mais um pouco, tornar a sua relação mais difícil e distante?
Porque se de facto é essa a estratégia, estamos perante uma malha sem falhas. O que se segue? Uma lista negra de livros, jornais e sites? É que isso também não era má ideia…
Ao que pude apurar, segundo os padrões da Igreja sou duplamente pecadora (passiva e activa) – porque, sim, admito (!), leio jornais, navego pela Internet, sou uma fervorosa amante de literatura universal e, quando sinto que a minha sensibilidade (para não dizer inteligência)não é ofendida, também vejo televisão… Acrescenta que arrasto outros comigo, porque, como amigos que são, lêem o que escrevo, que mal ou bem, tem algum teor informativo e em definitivo, está alojado nesse espaço pecaminoso que é a Internet.
Ora tudo isto levanta questões, uma delas sendo, será que a distância que existe já entre a Igreja Católica e as pessoas não é suficiente? Há que tentar afastá-las mais um pouco, tornar a sua relação mais difícil e distante?
Porque se de facto é essa a estratégia, estamos perante uma malha sem falhas. O que se segue? Uma lista negra de livros, jornais e sites? É que isso também não era má ideia…
Felizmente para nós que a Instituição que supostamente representa Deus na Terra, não tem o mesmo tipo de poder e influência que teve no passado e, semelhante admoestação como a desta semana, só a cobriu de ridículo.
Como coroa de graça, ou suplemento irónico a posteriori, ainda surgem algumas vozes ingénuas que indagam, placidamente, como e porque razão veio a Europa a tornar-se tão mordaz e ferozmente adepta de um laicismo total.
Mas quem pode culpar a Europa de tentar aprender com os erros do passado?
Senão digam-me, é papel da Igreja certificar-se de que as pessoas estão cegas à realidade que as rodeia? É papel da Igreja certificar-se que as gentes se estupidificam (ainda) mais ? É, por fim, papel da Igreja condenar o acesso à informação e os seus agentes principais? Não me parece que semelhantes funções estejam em parte alguma contempladas no seu papel de guardiães de uma moral mais elevada. Nem entendo como é que o facto de uma pessoa ser informada a impede de ser, em simultâneo, boa cristã. Pelo contrário. Aliás, eu diria que quanto mais submergimos na realidade que nos rodeia, mais necessidade temos de buscar algo que seja superior a toda esta enxovia. E nesse sentido, um mergulho na realidade até pode ter os seus benefícios.
Se o argumento é que, na realidade, os cristãos gerem mal o seu tempo - que é muito parco para leituras bíblicas e comprovadamente alongado para indústrias de entretenimento - então, sou obrigada a concordar. Mas isso é um fraseamento totalmente diferente! E que torna escandalosamente óbvia a falta de capacidade argumentativa da Igreja. É que nem todos os cristãos deste mundo querem ingressar em Teologia. Alguns o que querem mesmo é ser pessoas melhores. De qualquer forma, há que dizer que, dado o "dedo da Igreja" estar tão disposto a acusar-nos, talvez fosse também tempo de repensarem, a todos os níveis, a sua estratégia relativamente ao papel que dão à própria Bíblia - esse livro que tão negligentemente ignoramos. Não será porque não fomos minimamente estimulados (como Povo Católico, na sua maioria) à leitura independente da Bíblia que isso acontece?
É que se desse esse caso, então a própria Igreja teria culpas a dividir connosco, o que seria, no mínimo, de uma ironia inesperada…
Como coroa de graça, ou suplemento irónico a posteriori, ainda surgem algumas vozes ingénuas que indagam, placidamente, como e porque razão veio a Europa a tornar-se tão mordaz e ferozmente adepta de um laicismo total.
Mas quem pode culpar a Europa de tentar aprender com os erros do passado?
Senão digam-me, é papel da Igreja certificar-se de que as pessoas estão cegas à realidade que as rodeia? É papel da Igreja certificar-se que as gentes se estupidificam (ainda) mais ? É, por fim, papel da Igreja condenar o acesso à informação e os seus agentes principais? Não me parece que semelhantes funções estejam em parte alguma contempladas no seu papel de guardiães de uma moral mais elevada. Nem entendo como é que o facto de uma pessoa ser informada a impede de ser, em simultâneo, boa cristã. Pelo contrário. Aliás, eu diria que quanto mais submergimos na realidade que nos rodeia, mais necessidade temos de buscar algo que seja superior a toda esta enxovia. E nesse sentido, um mergulho na realidade até pode ter os seus benefícios.
Se o argumento é que, na realidade, os cristãos gerem mal o seu tempo - que é muito parco para leituras bíblicas e comprovadamente alongado para indústrias de entretenimento - então, sou obrigada a concordar. Mas isso é um fraseamento totalmente diferente! E que torna escandalosamente óbvia a falta de capacidade argumentativa da Igreja. É que nem todos os cristãos deste mundo querem ingressar em Teologia. Alguns o que querem mesmo é ser pessoas melhores. De qualquer forma, há que dizer que, dado o "dedo da Igreja" estar tão disposto a acusar-nos, talvez fosse também tempo de repensarem, a todos os níveis, a sua estratégia relativamente ao papel que dão à própria Bíblia - esse livro que tão negligentemente ignoramos. Não será porque não fomos minimamente estimulados (como Povo Católico, na sua maioria) à leitura independente da Bíblia que isso acontece?
É que se desse esse caso, então a própria Igreja teria culpas a dividir connosco, o que seria, no mínimo, de uma ironia inesperada…
3 comentários:
Mais uma questão complicada que pões aqui em evidência. Como te tinha dito, eu não ouvi essa notícia, mas acho de uma total inconsciência "exigir" ou "aconselhar" tal comportamento. Por várias razões. Hoje em dia não conseguimos fugir ao mundo da informação, mesmo que quisessemos, as noticias correm de boca em boca, tal como nos velhos tempos, portanto não seria uma restrição desse género que ia deixar de pôr as pessoas ao corrente do que se passa no mundo.
Depois, realmente, aquilo que a igreja católica anda a fazer só afasta mais católicos da sua causa, não traz mais. Por muito que alguns possam concordar que realmente a televisão é um meio de entretenimento sem qualquer respeito pelo seu espectador (nalguns casos, não vamos generalizar, pronto, tvi =P) Também, há que citar aqui o senhor José Vieira Mendes, um dos directores de programação da Sic, mais dentro da área do cinema (que tive oportunidade de ver e ouvir na conferência sobre cinema que houve la na faculdade) que diz que a televisão se limita a dar aquilo que o povo quer. Passa um bocado pelo povo ser exigente e negar-se a ver coisas que não contribuem para aumentar a sua massa encefálica porque cada um tem o direito de escolher o que quer ver, os comandos electrónicos não se fizeram para outra coisa.
E acho que aqui, neste caso, também essa ideia da Igreja, esse pedido (como quiserem ver) passa por uma livre escolha do povo. Eu, sendo católica, nada fervorosa e contra certos rituais que a Igreja tem, digo que a escolha é de cada um de nós se devemos ou não seguir uma ideia de uma instituição sem qualquer crédito na bolsa e que vai descendo cada vez mais no valor das suas acções.
Mais um bom blog =D
No Eixo do Mal discutiram esta questão e às paginas tantas, algum deles saiu-se com esta frase gloriosa, que vem mm a propósito do teu comment:
"As manhãs da TVI é que são pecado". É tudo XD.
Bem,dona Silvia, depois de ser repetidamente assediado para tal, lá vou comentar. Realmente tens razão. Tornou-se obvio que a igreja catolica, para continuar a ter a energia e adesão dos tempos aureos tem mesmo de acompanhar os tempos. Mas pelos vistos não é isso que sucede. Isto juntando aos escandalos de abuso, etc só da uma imagem sombria que podia ser evitada. Assim, a igreja tem ainda um longo caminho a percorrer. Já agora o teu blogue ta fixe. Beijos
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