quarta-feira, março 29, 2006

Yeah ao Cubo


Yeah 3

O tão aguardado sucessor de Fever To Tell está aí, chama-se Show Your Bones e é, efectivamente, uma prova de personalidade, um display daquilo que constitui a "massa óssea" deste colectivo.
Show Your Bones tem a tarefa ingrata de igualar um sucesso que valeu à banda o epíteto de “next big thing” que frequentemente os críticos entregam de mão beijada. Quantas pretensas "next big things "não apareceram e desapareceram com a mesma rapidez?
Os Yeah Yeah Yeahs, contrariamente, subsistem com dignidade e mostram que têm força para estar a altura do desafio de não serem apenas uma wonder band de quem se conhece unicamente um primeiro disco promissor. Show Your Bones é prova disso.
Não diria que é tão pujante como o seu antecessor, no entanto, é portador de uma energia que contagia. Uma mescla de rebeldia com experimentalismo, minimalismo e punk.
Nesta sua deambulação experimental chegam mesmo a aproximar-se da sonoridade dos fellow musicians White Stripes, numa posição evidentemente (!) não tão extremada de minimalismo, ainda assim é óbvia a tentativa de não refinar a música produzida.
Deixar os instrumentos - em bruto - acompanhar a voz, também ela, bruta (mas deliciosa) da vocalista parece ser a aposta.
É notório um adoçamento das rebeldias vocais de Karen O; em primeira análise no single Gold Lion salta imediatamente à vista uma afinação invulgar para O.. De certa forma, não deliciando os fans da característica trashy da voz de Karen O. , acaba por resultar bem, dada a introdução do elemento acústico, que é, sem dúvida , uma mais valia neste trabalho, que joga tão bem com os contrastes calmo /violento, murmurante/estridente. E esta suposta perda de acidez não é uma mudança definitiva, é um elemento a recuperar.
De facto, o disco pode ouvir-se todo de seguida até à sétima faixa sem atropelos (situação que só por si o distingue), alternando engenhosamente pares de duas faixas irmãs, da mesma forma que se emparelham estâncias que versam sobre a mesma coisa.
Assim, Gold Lion emparelha com Way Out , Fancy com Phenomena (em que ficamos a conhecer Karen W. - wharewolf). Honeybear e Cheated Hearts demarcam a sua diferença pelo facto de serem rimas soltas, seguindo a analogia. Cheated Hearts revela mesmo a maturidade e a tentativa de fugir ao cânone punk. Dudley interpola com The Sweets e Mysteries com Warrior (por sinal as faixas mais fracas). Por fim, Turn Into, um desfecho já pouco energético.
Um esquema rimático inteligente e que coloca em evidência tudo o que é bom, da mesma forma que evidencia o que é mau.
Após a sétiam faixa, a renovação surge sob uma forma desinteressante pelo que não é eficaz a impedir-nos de passar por estas canções com alguma rapidez e desapego.
Ainda assim, por continuarem suficientemente iguais a si próprios e suficientemente diferentes de si próprios para cativarem a audição, os Yeah Yeah Yeahs dão continuidade ao rasto de sucesso a que Fever to Tell deu início.
7/10

4 comentários:

Anónimo disse...

vou te contar um segredo...lol
os Heay Heay Heays ñ são a minha banda de eleição, ms dp de ler a tua review, "abriste me o apetite" por assim dizer. lololol so : i'll give it a shot ;)

Joana C. disse...

Já escutei com atenção o álbum e é muito bom! continua a preferir o anterior (que para mim é uma obra-prima) mas este "Show your bones" não lhe fica muito atrás :)

Anónimo disse...

KAREN COMANDA!!

Gostei desse novo do YYY. O primeiro sempre será o primeiro, com canções que ficarão na memória para sempre... Achei a produção deste novo mais limpa e a Karen mais delicada no vocal (dentro do jeito Karen de ser e de cantar, claro.. :^P ... Como uma menininha danadinha que pula amarelinha. hehe!)

[]'s

Sílvia S. disse...

Estava a ver que não te manifestavas Daniel!:P
É o drama de muitas bandas superarem-se a si mesmas,não há pior pessoa para competir que nós mesmos...