terça-feira, março 28, 2006

The Greatest


The Greatest just in your honour


Ouvir Cat Power no seu registo mais recente – The Greatest (2006) é um exercício que intriga. A senhora puxou do seu carácter felino, rebelde por natureza,e usou mais uma das suas "sete vidas artísticas" na composição de um álbum que é diferente daquilo que ficou para trás.
Quem ouve Myra Lee ou Moon Pix (especialmente o primeiro) não fica a saber tanto da docilidade da artista como neste seu último avanço. Há uma viragem nítida ao Folk. O que antes era uma sonoridade que se adequava perfeitamente à “etiqueta” de alternativo (no fundo aquilo que é incategorizável), roça agora perigosamente os meandros da sonoridade delico-doce do Folk [lembrando Let It Die (2005) de Leslie Feist] e o carácter pausado dos blues.
The Greatest assoma-se, assim, como um álbum que coroa todo o esforço de uma carreira, o que possivelmente explicará muito sobre o porquê deste nome…
É um álbum soberbo para os momentos em que o banal não chega, e é necessário algo com mais alma, algo que nos alente ou nos dê, finalmente, uma justificação para a nossa tristeza.
Entre os seus pontos mais altos contam-se canções como The Greatest (que dá nome ao disco), Could We, Lived in Bars, Where is My Love ou Love and Communication, todas elas faixas especialmente boas. Island começa com um spoken word radiofónico que lhe dá o mood ; Hate,por sua vez, é a faixa minimalista que mais se aproxima da Cat Power de “vidas anteriores”,com um travozinho country.
É um álbum conjunto, pelo que referir umas faixas em detrimento de outras visa meramente dar pontos de orientação.
Escusado será dizer que a visão panorâmica de The Greatest é a melhor forma de tirar partido dele. The Greatest é, então, como o próprio nome ilustra o maior, o mais maduro e o mais prazenteiro álbum que Chan Marshall já fez.
6.8/10

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