sábado, fevereiro 04, 2006

Primeiro estranha-se, depois entranha-se

Twin Cinema, The New Pornographers


A crítica musical atinge, por vezes, ridículos de simplismo.
A tentativa de reduzir a realidade musical da actualidade a correntes mais ou menos circunscritas, como seja British Indie versus American Indie, é exemplo disso. Qual dos dois titãs é mais forte? Provavelmente nenhum.
Mania de polarizar tudo! "Outros valores mais altos se alevantam”.
O Alternativo Canadiano tem muito mais a dar à Música e aos seus ouvintes que qualquer um dos seus counterbacks.
A prová-lo estão bandas revelação como os Arcade Fire e outras novidades “não tão novas” como os The New Pornographers.
Sim, estas bandas são refrescantes. Sim, estas bandas não imitam ninguém. Isto é verdadeiramente brand-new!
Porque é que o novo milénio não há-de ter uma sonoridade própria? As décadas passadas tiveram-no. O revivalismo é divertido, sim, não conseguimos não gostar dele. Mas é uma saída airosa. E, sobretudo, uma moda. Vai passar. Toda a moda passa.
Mas estes nomes, guardem-nos bem na vossa memória.
The New Pornographers, nome dos bichos, fazem boa música que se desunham, música onde se reconhecem instrumentos e trabalho. Muito trabalho.
Não são propriamente novidade, o seu nome tem estado mais ou menos acordado, mais ou menos adormecido desde 2000.
O seu último trabalho, Twin Cinema, data de 2005 e terá sido, dadas algumas similaridades, abafado pelo som conterrâneo de Funeral.
Mas estes meninos têm um passado de ovação crítica o que é, sem dúvida, uma grande proeza. Toda a sua discografia é estrelada. E muito bem estrelada.
É engraçado constatar que Twin Cinema é daqueles trabalhos que, primeiro causa uma reacção de estranheza, depois simplesmente não conseguimos parar de ouvir.
A mistura de Alternativo, com Power Pop e uns pozinhos de Folk aqui e ali, pautados pelas vozes poderosas e bem timbradas do “nem-sempre-dueto” Carl Newman (diz-vos alguma coisa?) e Neko Case são aditivas.
As melodias são, justamente, melodias… Este é um dos álbuns mais melodiosos que já ouvi. As cantigas são prodigiosamente bem construídas e estruturadas. É notória a presença dos grandes “gurus” do panorama alternativo canadiano.A experiência conta, e muito.
Por outro lado, a maturidade dos músicos empresta ao som todo o vigor que ele efectivamente tem.
É excelente quando nos deparamos com músicos desta qualidade, com esta diversidade de conhecimento musical e execução de instrumentos que confere uma rica paleta de nuances sonoras.
Como coroar de tanta perfeição, ainda têm originalidade e vontade de experimentar coisas novas. A combinação perfeita de elementos sempre existe.
Quando digo isto, lembro-me, por exemplo, da última faixa de Twin Cinema, que é uma coisa do além. Uma gema de arrojo! Stacked Crooked surpreende, na medida em que já não esperamos ouvir nada que já não tenha sido feito ou experimentado. Mas isto é fresh, estranho e muito arrojado. E, ao mesmo tempo, soa tão natural e despretensioso, como se não fosse nada de diferente.
As letras, na sua maioria escritas por Case inspiram e causam identificação, que é, de resto, a sua função, caso já se tenham esquecido. Sim, porque entretanto já fomos bombardeados com tanta “zurrapa imaginativa” que nos faz duvidar que tal coisa como letras bem escritas e com conteúdo possa existir.
A deambulação pelas faixas do álbum é desnecessária, este é daqueles álbuns para se ouvir de fio a pavio, com prazer, atentando aos pormenores, que são aos milhares…
Não vem mal ao mundo se usarem da vossa magnânima temperança gastando largas centenas de Mb com a discografia deste colectivo.
*****

6 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Para preencher o vazio...
Ainda estou na fase do "estranha-se", ms algumas das musicas ja começam a "entranhar-se" visto k são mt boas,o k se reflete + tarde num cd tb mt bom.
Afinal ñ és assim tão onisciente cm pensavas ;) o TEU poder está confinado as teias deste blog Muahahaha ;D

Sílvia S. disse...

FLAME OF UDDUN, YOU SHALL NOT PASS!

VADE RETRO! Eu sou e sempre serei a deusa deste blog, minha diaba!
A minha omnisciencia é tanta que não a podes vislumbrar. So n posso é impedir certos e determinados "mancionares", pq aí os meus poderes veem-se obviamente esconjurados XD (ai q caraças!)
Que grande momento de televisão...

Anónimo disse...

Silviachwarzenegger "the Eraser"

Akuma Kanji disse...

Karen Confesso k ainda nao li todo o blog mas quando tiver mais tempo prometo ler com mais atenção. fazes bem fazer um blog. é giro e tal........... Jocas

Anónimo disse...

Poisssss............. o meu comentário é esse k tava ai em cima sob o nome da Dan lololol
Ass: Karen