O estilo de Boris Vian encontra-se entre aqueles que por vezes nos repugnam para mais tarde nos apanharem de surpresa com um pequeno nada que nos impede de o abominar por completo.
Talvez seja o estilo, infantilmente fantasioso, aliado à imaginação desconcertantemente grotesca.
O certo é que por podres que sejam as imagens que apresenta, elas não deixam de ter o seu “q” de brilhantismo, possivelmente pelo simples facto de um escritor ter a frontalidade de admitir que a sua imaginação não tem rédeas e não se prende a convenções do que é literariamente estético ou não. Vian deixa a sua imaginação voar solta. Os ditames do que é sujeito literário ou não, pouco ou nada influenciam este escritor. Alheio aos locus amoenus que proliferavam (e proliferam) na literatura universal, Vian propôs-se a fazer algo diferente: a mestria do que é belo por não ser belo e tão poucas vezes imaginado...Contornando aquilo que parece ser uma espécie de censura das sociedades apolíneas que brilham com a luz falsa de uma beleza falsa.
Podemos ler nas entrelinhas das suas narrativas a base para alguns filmes mais ou menos sangrentos da actualidade, cuja semelhança de estilo é inegável.
O enredo é difícil de circunscrever. Resumi-lo é tarefa ingrata porque será, inevitavelmente, uma síntese simplista. Por isso a todos os que não sejam demasiado sensíveis ou fans inveterados de histórias da carochinha, fica um breve aperitivo, repito, embaraçosamente simplista.
Um psicanalista movido pelo vazio interior que sente inicia uma viagem que o vai conduzir a uma aldeia cuja população é do mais embrutecido que se pode conceber. Inicialmente chocado por tal dureza, pensa ver nos aldeãos os sujeitos de análise ideais. A ideia de se tornar igual a eles repugna-o, mas o seu interesse é já demasiado para que se possa afastar. O mote está lançado, e esta descoberta quase acidental tornar-se-á uma experiência que alterará o curso da sua vida para sempre.
Um escritor diferente, um estilo diferente, uma história atípica.
5 comentários:
um pouco kill bill, sangue gratuito demais para o meu gosto. Embora nao se basei propriamente na venda do ketchup, é um pouco mais negro, ironico ñ deixa de ser um bom livro. ****
Estou a seguir o teu rasto bípede, tenho impressão que os Zeros vão desaparecer do meu blog.
OH HAPPY DAY...XD
Se preferes um comentário pouco inspirado, melhor dizendo monocromático, a nenhum!
tudo bem :)
Há gostos para tudo...
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