Mãe, eu quero ficar sozinho.
Mãe, não quero pensar mais.
Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem sequer ter que
me ir embora.
Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim.
Outro maldito que não sou senão este tempo que decorre
entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo,
de quê mãe?
Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver
razão para tanto sofrimento.
E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos
partir, para regressar?
Partir e aí nessa viagem ressuscitar da morte ás
arrecuas que me deste.
Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os
olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra,
mar, mãe...
Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar
nota a nota o canto das sereias... Lembrar cada
lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir
aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para
ficar...
sexta-feira, novembro 24, 2006
José Mário Branco
Partir para Ficar, Linda Martini - Olhos de Mongol (2006)
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5 comentários:
Preciso dizer alguma coisa?!... Também me quis parecer que não.
" Eu queria tanto parar aqui"
Beijo Sissi**
Nós precisamos dizer alguma coisa é ao autor desta prosa magnifica. Isso sim :) Como usa ténis há-de ser boa pessoa :D
(Se não me conheces até agora; nunca nunca nunca m'hádes conhecer uhhhh uhuhuhu xD).
Um ósculo na face*
Isto é sem duvida Milaborante!!XD
Eu não quero parar aqui! Será k estou a fugir de me encontrar?? Ou será que procuro encontrar-me?
Não, eu sei k isto não se trata de um consultório... lol
Grande letra e grande música =)
bem bonito.
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