sábado, agosto 05, 2006

Bandas do Sudoeste


Zero 7
O jardim do Éden
The Garden é um disco de sonoridades leves - não de “ânimo leve”- onde o ouvinte é convidado a perder-se , por entre a verdura e o viço das melodias frescas e relaxantes. À colaboração já habitual de Sia Furler, junta-se a voz do próprio produtor Henry Binns, até ao momento “mudo”, e a sensação nórdica José Gonzallez. Todas estas vozes a fazerem de Zero 7 um jardim de prazeres. As luzidias contribuições acrescentam um brilho extra e alma aos cenários downtempo. José Gonzallez, soberbo na faixa Futures, a fina-flor do álbum, no seu tom mezzo, perfeitamente divino.
Embora o que se desenrola entre o início e o fim do álbum seja suficientemente interessante para manter a escuta, é inegável a quebra. E à medida que a familiaridade com o disco se torna maior vai sendo mais e mais difícil resistir à tentação de saltar de flor em flor. Especialmente porque as mais belas flores do jardim estão no início e no fim. Seeing Things mostra o quanto as melodias dos Zero 7 se ancoram nas vozes dos colaboradores e ganham corpo, textura e volume com elas. É tão verdadeiro dizer que a voz se apoia no instrumental como o é dizer o contrário. Os coros são deslumbrantes em várias faixas, mas muito especialmente no último minuto de Pageant of the Bizarre, o “sonho de consumo” de qualquer bebé em busca do sono perfeito. São paisagens oníricas as que povoam “o jardim” de Henry Binns e Sam Hardaker : alguns “anjos” dedilham harpas, outros guitarras com leves ecos (a relembrar que o paraíso é branco e amplo e, naturalmente, ecoa). E mesmo que este conceito do paradisíaco vá sendo desfeito com instrumentos de sopro (ou serão também eles as trompetas angelicais?), o clean sound será retomado. Mas é nestes momentos de The Garden que se torna mais claro que o downtempo e o lo-profile de Simple Things e de When It Falls está lentamente a transformar-se, rumo a um perfil mais eclético.
Apesar da nota dominante ser ainda o lo-fi, outras referências geminam num jardim onde flores de espécies diferentes coabitam, por vezes de forma bem sucedida, outras nem tanto; às vezes entusiasmando, outras provocando sonolência. É tudo uma questão de sensibilidade. Nem todos nascemos para o ofício pacato da jardinagem…
Para ver amanhã, no último dia do Festival do Sudoeste.
6/10

1 comentário:

=D! disse...

Tens toda a razão. A música de Zero 7 transporta-te para aquele espaço onírico... melhor que isso é que não é um espaço único, linear, igual para todos os k ouvem essas músicas, não, é aquele espaço com k tu própria sonhas, aquele lugar que para ti é um paraíso.
E isto não acontece com intenção (ou talvez aconteça...) mas ouvires a música reporta-te para esse espaço onde te sentes bem, em paz... espaço de serenidade e paixão...
Sem dúvida um daqueles grupos k vale a pena ouvir!

Mtos Bjinhx
continua...