quinta-feira, junho 08, 2006




2º Acto: O Princípio do Fim





Super Bock Super Rock, 7 de Junho, Act 2
“Elenco”: Editors, dEUS, The Cult, Keane, Franz Ferdinand

Neste “2º Acto” em jeito de reforço alternativo a uma primeira edição mais hard, juntou-se um cartaz não de luxo, mas bem perto disso. Pelo menos a avaliar pelas
cerca de 30.000 pessoas de várias idades… Coisa curiosa nesta noite foi a facilidade com que o mesmo público mudava de aspecto. Longe de ser uma massa homogénea, iam-se rendendo na “boca de cena” consoante o “personagem” modificava. Foi neste vaivém constante que se desenrolou uma noite que conseguiu a proeza de “agradar a gregos e troianos”.



Os primeiros a subir ao palco, por volta das 18 horas foram os Editors. Em estreia absoluta em palco luso, o quarteto britânico mostrou-se humilde, se bem que merecedor de grande crédito. Pareciam um pouco estupefactos por ver o público a cantarolar as suas canções. Para abrir escolheram Lights, música que inicia também The Back Room; um começo enérgico para uma prestação perfeita, singular, quase intimista em que o “eye contact” foi encorajador tanto para o público como para a banda. Um espectáculo quase sem pontos mortos, o que para uma banda “iniciante” é bastante louvável.
As músicas sucederam-se, num alinhamento que realçou os marcos do álbum de estreia – Blood, Bullets, All Sparks, Munich, Open Your Arms,e, sobretudo, Fingers in the Factories . Pelo meio houve ainda tempo de “editar” a cantiga Road to Nowhere dos Talkin Heads, e a apresentação de um novo tema.



Pelas 19 dEUS toma conta do palco, num rendez-vous que muito disse sobre a relação amistosa que a banda mantém com o público português. O concerto foi, então, o reencontro com amigos de longa data. Barman falava, declamava, dançava e incendiava ânimos com coros como “Listen Out Yo Lets Sabotage”.
O alinhamento escolhido favoreceu em muito o ambiente de festival, mais pesado, mais eléctrico. Como tal foram privilegiadas músicas de álbuns mais antigos. Como já vem sendo hábito da banda, o espectáculo inicia-se tendo como fundo o sample inicial de Sun Ra. Ainda no começo, a banda tocou Instant Street e Start Stop Nature ; seguiram-se Fell Off the Floor, Night Shopping (um dos pontos altos) e ainda uma cantiga mais calma, a love song, como Barman lhe chamou, Nothing Really Ends e What We Talk About já quase no final.




The Cult foi a banda que mais se fez aguardar na noite de 7 de Junho, iniciando um ciclo de atrasos que não se viria a normalizar. Por e para eles, mobilizou-se uma turba tamanha, trajando vestes negras e empunhando bandeiras. Quando Ian Astbury sobe, finalmente, ao palco, de resto um pouco acabado, a multidão eleva as suas vozes. E, realmente, nada se elevou tanto em decibéis nessa noite como as guitarradas saudosistas da banda uma vez que a quantidade de amplificadores em palco era insana.
A actuação foi marcada por uma situação caricata em que Astbury ao lançar a segunda pandeireta da noite acerta em cheio na cabeça de um dos seguranças, para depois perguntar, plácida e ingenuamente “are you alright man?!”. Os Cult deixaram o palco com um dos seus mais estrondosos sucessos She Sells Sanctuary.





Pelas 23 horas, a “ovelha negra” do cartaz entra em palco, herdando o legado de atraso dos Cult. Os Keane sofreram na pele todo o tipo de pressões do público: por um lado o frenesim deixado pelo seu antecessor, por outro a ansiedade pela actuação de Franz Ferdinand. A corda parte sempre pelo lado mais fraco. Como se isto não bastasse, cometeram ainda o erro de alimentar o seu alinhamento à base de músicas novas, o que não foi, de todo, um regime saudável atirando a sua prestação para o estatuto de “a mais parada da noite”. Dado que o seu novo álbum não está, ainda, disponível o público nada mais pode fazer que “ouvir pacientemente”, como disse Chaplin, e muito bem.
Quando finalmente tocaram músicas conhecidas o público respondeu, relembrando o sucesso estrondoso que a banda fez com temas como We Might as Well be Strangers, Everybody’s Changing, Somewhere Only We Know e This is the Last Time. Já próximo do fim tocaram o primeiro single de Under the Iron Sea - Is it Any Wonder - que arrancou algumas reacções ao público bem como um coro de vozes. A fechar em beleza e em emoção, Bedshaped, cantado em uníssono, até pelos mais indiferentes.



Já de madrugada, sobem finalmente ao palco os cabeças de cartaz Franz Ferdinand. Passavam já alguns minutos da 1 quando se ouviram os primeiros acordes de This Boy, e imediatamente as vozes da multidão não se fizeram esperar. Assim começou mais uma actuação “endiabrada” da banda, que conta com um Kapranos que é, verdadeiramente, um bicho do palco. Desengane-se quem pensa que um concerto do colectivo escocês é mera execução musical. O espectáculo que a banda proporciona é entretenimento puro e duro e é, sem dúvida, uma das pedras basilares da confiança da banda em si mesma e no seu percurso.
O coro bem ensaiado composto pelo público fez-se ouvir claramente em temas já “clássicos” como Come On Home, mas também em músicas mais recentes, especialmente Do You Want To. Seguiu-se boa parte do seu álbum de estreia, intervalado por algumas canções mais calmas como Walk Away e Eleanor Put Your Boots On . Mais para a frente, Evil and a Heathen e Outsiders. Mas a canção que incendiou em definitivo o palco foi This Fire, finalmente tocada ao vivo, após uma espécie de impedimento moral no Lisboa Soundz de há sensivelmente um ano.

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De destacar ainda no Palco Secundário dedicado a bandas portuguesas, as actuações de Linda-Martini, uma das bandas revelação de 2005, com novo disco cuja edição está prevista para Julho. A banda juntou um número considerável de pessoas "em torno da sua causa" e quando se ouviu o dedilhar da guitarra inicial de Amor-Combate, todos cantaram, confirmando aquele que pode ser um dos novos valores da música portuguesa.

A apresentar o seu novo disco - Masquerade - passou ainda por este palco The Legendary Tiger Man - o faz-tudo - toca guitarra, bateria e pandeireta sozinho, num estilo de rock minimalista e despojado até ao limite de todos os limites, coisa ímpar na música portuguesa, e pelo menos invulgar mesmo no estrangeiro.


E assim, passados cerca de 10 minutos das 2 da manhã, finda era a noite e
Que noite…

6 comentários:

Joana C. disse...

Acho que tal como tu, os meus concertos favoritos foram o dos Editors e o dos Franz Ferdinand. Os primeiros foram uma surpresa muito positiva enquanto banda ao vivo. Os segundos vieram confirmar o porquê de terem tantos fãs: é que os Franz Ferdinand são daquelas bandas que é quase impossível não gostar!São simpáticos, enérgicos e compositores de músicas que conseguem por toda a gente a bater o pezinho e a cantarolar. Grande noite!

Anónimo disse...

Como dizes e bem...e Que Noite....
Começou bem mas, talvez aquela entrevista tenha sido um mau presságio XD
Editores foram uma grande revelação em palco, foi um concerto excelente e deu para conhecer melhor a banda;) dEUS como já era de esperar um espectáculo, e muito apropriado para o festival com o inconfundível charme do barman. Apenas Linda Martini, para o qual tinha algumas expectativas falhou um pouco, (bem e mais p/ o fim da noite desculpa kk coisinha). Escreveste um post á altura como não há mais a apontar queria só corrigir no caso hilariante quando a pandeireta foi de encontro á cabeça do segurança, que foi na 3º que ele atirou e decididos deviam estar todos os bateristas em aleijar alguém, visto que atiraram também as suas baquetas…mas foi sem duvida uma noite memorável……*^_^*

Sílvia S. disse...

Não desculpo ^.^
Tu sabes que estás primeiro, n importa o quão charmoso seja o Kapranos xD.

Anónimo disse...

O RLY *^_^*

=D! disse...

Bem, estou a ver k tb ja nao escreves há algum tempo, são as dificuldades do fim do ano académico (=/
Também eu as sinto
De kk maneira vim aki deixar um coment pk estava eu a entrar no teu blog, eis senão quando vejo um quadro dum dos pintores com que simpatizo mais desde k estive em Viena. Imagem muito bem escolhida sim senhora!
De resto só me falta desejar k acabem rápido as aulas para voltar a ler bons posts de sua autoria, cara colega =P. Bjinhx***

Sílvia S. disse...

Tu deseo es mi deseo xD. Nunca mais acaba :S