quarta-feira, maio 10, 2006

What became of the likely lads


Não há banda sem bando.


Depois da "zanga das comadres", muitos se interrogaram o que seria construido sobre os escombros dos Libertines, a wonderband de 2003. A resposta não tardou (muito) a chegar. A cisão degenerou em dois blocos que chamam, respectivamente, pelo nome de Dirty Pretty Things, banda fundada pelas “comadres” Carl Barât e Gary Powell e os Babyshambles, do ex-guitarrista e back vocal, Pete Doherty (intimado a abandonar os Libertines por consumo de drogas). Down in Albion (2005) foi o primeiro avanço dos Babyshambles, não muito brilhante nem demasiado baço.
E, pasme-se, é exactamente a mesma coisa que acontece com este Waterloo to Anywhere dos Dirty Pretty Things. Não é fosco, mas também não brilha. Encontra-se no meio caminho onde se perde a maioria das coisas que passam despercebidas, precisamente porque falham no seu intento primordial: brilhar para cativar.
De facto, é difícil negar que Bang Bang, You’re Dead, será, com certeza um dos singles do ano. E se é difícil negar alguns méritos a Bang Bang, talvez também o seja para Gin and Milk, mas pouco mais. E seguramente, ou melhor, muito dificilmente este trabalho valerá à banda um posto no almejado top ten deste ano. A menos, claro, que os parâmetros decresçam a olhos vistos e a humanidade com tendências musicais sinta, de repente, uma incapacidade muito grande para fazer música excelente. Caso contrário, Waterloo to Anywhere está fadado ao esquecimento ou pelo menos à mera lembrança parcial e distante de um single interessante no início do ano…
Ambas as bandas tentaram fazer o "milagre da multiplicação" e a resolução saiu-lhes francamente frustrada. O problema reside especialmente no facto de que os Libertines não eram, eles próprios, nada de tão estupendo assim. Mas, tinham duas coisas geralmente bastante cobiçadas: personalidade e polémica caminhando, alegremente, juntas lado a lado.
Assim, separados, parecem ter perdido o élan, senão a razão de ser. Há coisas que vão melhor juntas. Por piores e conflituosas que fossem as relações dos membros da banda, produziram músicas que passados três anos não perderam nem a actualidade nem o interesse. O mesmo creio não poder dizer quanto às recém criadas “pegadas” da banda original. Não imagino que em 2009 alguém, numa tarde solarenga se meta a ouvir Bang Bang You’re Dead ou La Belle et la Bête dos Babyshambles. Ao passo que não parece tão inverosímil assim que em 2006 ainda ouça Music When the Lights Go Out, Arbeit Macht Frei, What Katie Did, Don’t be Shy, enfim, o pacote completo The Libertines por The Libertines.
Os ingleses resumem estas coisas bastante bem em ditos ilustrativos: "birds of a feather, flock together". Em português: quando não há bando, não há banda. What became of the likely lads?
5/10

2 comentários:

Anónimo disse...

A bird in the hand is worth two in the bush.

Anónimo disse...

Is not worth a feather.