Se alguma banda encarna a imagem de uma qualquer experiência científica maluca de tentativa de fusão de dois elementos, essa banda é Morningwood – uma espécie de reunião malfadada de Ramones – ou pelo menos o seu espírito punk-rock de velha guarda – com o espalhafatoso grunhido, a libido e a postura despropositada de Courtney Love.
Até parece mal trazer para esta crítica o nome de um dos maiores vultos do punk (os Ramones, entenda-se…), e por esse facto, apresento desde já as minhas desculpas, esperando, humildemente, que o fim justifique o meio.
À parte este “frankensteinismo” da banda, há ainda a questão do nome. Um nome que não é apenas um nome. Antes uma afirmação de rebeldia, de um espírito quase motard.
Apesar de me sentir tentada, não vou dizer o que significa. Pudor? Talvez. Se ficaram curiosos, procurem, não é o que parece a uma primeira vista desavisada.
O timbre irritante e a indecisão em escolher uma “conduta” e ficar por ela, por oposição a querer parecer simultaneamente anjo e demónio, é uma das falhas deste colectivo. Tal indecisão pode tornar-se, além de cansativa, confusa para quem ouve, dado que nada mais junta à sonoridade da banda, que uma pitadazinha de ridículo.
A tentativa falhada de similitude angelical por parte da vocalista no incipit de "Jetsetter" (que ironicamente, até é a faixa redentora do álbum) à qual alterna o cliché forçado de querer parecer ninfomaníaca é ilustrativa. Palavras para quê? O nome das canções "fala" com a eloquência de mil parágrafos : “Take off your clothes”.
Ocorrem ainda episódios pueris de regresso aos tempos da secundária, com espaço para algumas linhas de cheerleading em que se soletra o nome da banda. Sim, porque se dúvida houvesse relativamente à forma como se escreve, não subsiste. Mais vale jogar pelo seguro quando se tem um nome tão complexo…
Morningwood leva-nos a atmosferas carregadas como Wet t-shirt contests e motoqueiros entusiasmados pela cerveja (e não só)…
O début homónimo (estes rapazes primam mesmo pela originalidade!) está pejado de atentados ao bom gosto, mesmo que o gosto de referência não seja especialmente refinado. Daqui resulta que a tarefa de considerá-lo um bom disco seja praticamente impossível.
Embora convenha atender ao tom provocatório que se pretende atingir, e ao regresso aos anos 70, repletos de contestação e libertação sexual.
Mas mesmo tendo em mente tudo isso, são débuts como este que arruínam as possibilidades de boas graças de uma banda. E isto não é um acesso de puritanismo…
Ainda assim, nem tudo é mau, e existem algumas faixas que, como disse, salvam o disco e a consciência de quem o sacou.
Vale a pena ouvir, não repetidas vezes e, sem grandes expectativas. Não é álbum que se adore, nem de que se goste especialmente, mas há que ter um espírito tolerante e aberto (e uma farmácia por perto, já que estamos numa de recomendações, os analgésicos vão ser necessários após exposição prolongada).
4/10
(mudança na escala, doravante será esta, é mais precisa e menos traiçoeira...)
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
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5 comentários:
Ahahahahahaah estou me a rir...
talvez porque ja descobri o significado do nome....k inclusive é soletrado.lol :D
Critica no sentido da palavra, uma sátira,denota se o tom ironico e sarcástico. Mt divertido :P
Com tanto cheerleading, wet t-shit contests. Lolol
Musica ambiente num club de motards? talvez nao ihihih *****
Num clube de motards definitivamente era um som incendiário.
O bacanal que não causaria, meu Deus!
Nem quero pensar...OH CEUS! XD
Please correct it Ó MIGHTY ONE!!! i ask The to perform this task
Get lost , you PUNK!
XD
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