Música sem corantes nem conservantes
Os Arcade Fire deram, definitivamente, um novo alento à cena musical de 2005.
Fugindo à tendência generalizada de beber das águas – um tanto estagnadas – dos anos 70 e 80 surgem-nos com uma originalidade que não tem neste momento paralelo em mais nenhum colectivo.
A pureza do seu som é a sua assinatura e o seu trunfo. Não existem truques, “what you hear is what you get”.
Existe ainda um punhado de características que os tornam indispensáveis: o seu som multifacetado é uma delas.
Não se ficam pelos instrumentos mais comuns, antes adicionam instrumentos como violino e piano. Mesmo quando fazem uso dos instrumentos mais tradicionais para uma banda Indie, fazem-no de modo original.
A impressão que fica é que neles nada surge por imitação, extraem tudo de si mesmos. Inventam para e por si mesmos.
Uma outra característica que os torna incontornáveis é uma certa indiferença pela perfeição que acaba por ter o efeito contrário. Como não existe a preocupação em retocar cada música até ao mais ínfimo detalhe estas ganham a aura da indiferença, uma tentativa de quebrar com os cânones mais ou menos estabelecidos. Ao nível interpretação parecem falhar notas propositadamente. Mas, são precisamente essas falhas que dão a este colectivo canadiano o charme que efectivamente tem.
Da singeleza, perfeição imperfeita e letras remetendo para uma esfera familiar perdida: um bairro ideal (?), eleva-se um conjunto de melodias bem estruturadas, apaixonantes e sobretudo, e ainda na linha paradoxal que inspiram, simples mas complexas.
É completamente impossível relevar músicas especiais no álbum, todas elas são únicas formando um todo muito coerente. De destacar talvez aquilo que me parece ser uma espécie de “ovelha negra” no “rebanho” que é Funeral, mas que não deixa de ser uma excelente canção: “Crown of love”. É, de todas elas provavelmente a que soa menos a eles próprios, embora no final se torne mais “arcádica”, como de resto é típico ao longo de todo o cd isto porque a recta final da música é, de certa forma, “tornada diferente” indo de encontro ao que se assoma como uma tentativa de partir com o que é demasiado “certinho”. O que parece, de resto, ser a filosofia da banda...
Quanto a mim o melhor álbum do ano, um must have para os apreciadores de boa música.
sábado, dezembro 31, 2005
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2 comentários:
Adorava vê-los ao vivo uma vez que não fui a Paredes de Coura. Espero que cá voltem porque já ouvi dizer que eles ao vivo são extraordinários :D
O Hugo (nosso colega ) ja viu mas
como nao gosta de Indie, abominou o concerto.Dá Deus nozes a quem não tem dentes...XD
Eles abriram os concertos da Tour dos U2 e são os protegidos do Bono ao que parece:)
Espero ve-los também [SIGH]...
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